ABRAÇO

Olhos febris abraçam sempre antes

Do avanço dos membros num abraço

E tão forte parece ser o laço

Que outros gestos se veem irrelevantes.

Mas quando se entendem os semblantes,

E concorre para o aperto cada braço,

Dificulta-se até o desembaraço,

Mas os corpos ainda estão distantes.

E a distância nunca se dissolve,

Mesmo, quando a boca se envolve

No abraço de modo indiscreto.

Só quando as pernas puxam para o centro

E outras se aninham nelas dentro

É que o abraço, enfim, está completo.