PENSAMENTO
Espanto o pensamento sempre quando
Imagino ao seu rosto colado
O rosto de outro que de modo ousado
Busca a boca em volúpia se entregando.
Contudo, o pensamento ao comando
De si próprio e fazendo-se rogado,
Mostra-me abraço inquieto e demorado,
Arrancando de mim suspiro brando.
E toda a ânsia e todo o latejo
Que vem de um abraço e de um beijo
Sinto vendo o desdém posto em seu riso.
Tento espantar de novo o pensamento
Sem conseguir, porque no atrevimento
Vem lembrar que perdi meu paraíso.