O Esterco e a Rosa
Num jarro muito bem ornamentado, 10
Ao centro de uma sala majestosa,
Igualmente reinava a bela rosa,
Cheia de si, igual chefe de Estado.
Soberba e de ar a nada comparado,
Exibindo sua cútis perfumosa.
Inquire de soslaio, orgulhosa:
-Quem pensas que és tu, ser execrado?
-Eu? Não sou nada. Apenas te dou vida,
P'ra que sejas assim tão presumida.
E desdenhes de quem te faz o bem.
Daqui debaixo nutro-te as raízes,
Para que tenhas tão lindas matizes
E o mundo inteiro diga-te: amém!
Ps.: Nada contra a rosa, isso é um veemente grito contra o preconceito.
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Sou imensamente agradecido ao Poeta Jota Garcia. Não conheço ninguém mais rápido no gatilho. Fez um dos mais belos Sonetos desse Recanto.
Vidas Iguais
No fundo de um vaso, o gentil estrume
Alimenta e sustém a bela rosa,
Que a quem passa se mostra vaidosa,
De sua beleza e de seu perfume.
Sua vida a nada se resume,
Mas que em sua faina dadivosa,
Mantém de pé a orgulhosa rosa,
Que pavoneia como de costume.
Minha vida é igual à do adubo,
Que serve de escada a quem não presta,
Sem ser lembrado na hora da festa.
Também padeço com estas mazelas,
Para igual peste que o mundo infesta,
Carrego escadas, mas não subo nelas. -=-=-=-