O Esterco e a Rosa

Num jarro muito bem ornamentado,           10

Ao centro de uma sala majestosa,              

Igualmente reinava a bela rosa,                  

Cheia de si, igual chefe de Estado.             

Soberba e de ar a nada comparado,          

Exibindo sua cútis perfumosa.                    

Inquire de soslaio, orgulhosa:                     

-Quem pensas que és tu, ser execrado?    

-Eu? Não sou nada.  Apenas te dou vida,  

P'ra que sejas assim tão  presumida.         

E desdenhes de quem te faz o bem.          

Daqui debaixo nutro-te as raízes,               

Para que tenhas tão lindas matizes           

E o mundo inteiro diga-te: amém!              

Ps.: Nada contra a rosa, isso é um veemente grito contra o preconceito.

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Sou imensamente agradecido ao Poeta Jota Garcia. Não conheço ninguém mais rápido no gatilho. Fez um dos mais belos Sonetos desse Recanto.

Vidas Iguais

No fundo de um vaso, o gentil estrume

Alimenta e sustém a bela rosa,

Que a quem passa se mostra vaidosa,

De sua beleza e de seu perfume.

Sua vida a nada se resume,

Mas que em sua faina dadivosa,

Mantém de pé a orgulhosa rosa,

Que pavoneia como de costume.

Minha vida é igual à do adubo,

Que serve de escada a quem não presta,

Sem ser lembrado na hora da festa.

Também padeço com estas mazelas,

Para igual peste que o mundo infesta,

Carrego escadas, mas não subo nelas. -=-=-=-

Um Piauiense Armengador de Versos
Enviado por Um Piauiense Armengador de Versos em 20/03/2020
Reeditado em 27/03/2020
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