GAVETEIRO

Na forma de um grande coração

Mandei fazer um móvel com gavetas

Com umas ao alcance da visão

E outras em cavas falsas e secretas.

E nessa engenhosa invenção

Reviro as lembranças prediletas

E outras que não mexo, pois irão

Deixar as emoções bem inquietas.

Surpresas e mistérios são encontrados

Sempre que eu revolvo os achados

Que pensava de há muito esquecidos.

Mas tem uma gaveta que se oculta,

Até de mim que temo a consulta

De fatos que não quero remexidos.