ESCULTURA

Se olhar bem, não sou a escultura

De olhar perdido, a tudo indiferente

Sem reclamar do tempo inclemente

Que causa à pedra bruta rachadura.

Se olhar bem, eu sou a criatura

De olhar atento a tudo que há à frente

E a reclamar sempre que um indecente,

Igual aos pombos, suje a estrutura.

Se olhar bem, eu não paro no tempo

Paro as horas como o passatempo

De quem pedra de humanos tem a sobra.

Se olhar bem, verá que ao tempo estou

À espera de que um olho escultor

Exponha-me completo em sua obra.