DESPEDIDA

Confesso é tormentosa a despedida

Em simples compromisso social,

Por que se a alguns parece ato banal

A nós é uma questão mal resolvida.

No aperto de mão tem-se entretida

Conversa corriqueira, bem normal

E o boa-noite muito cordial

Se antecipa ao desgosto da partida.

As faces se estendem para o beijo

Fraterno, mas em mim pulsa o desejo

Pela boca carnuda desejada.

E quase ela a perder a compostura,

Quando no enlaço aperto-lhe a cintura,

Recua a dizer: “não, não, sou casada”.