Vê neste fosco soneto, que o brilho, muita vez, pode ofuscar a nossa vida... Não sou o autor desta composição poética, contudo, divido com aquela que a concebeu, os seus méritos, pois há quase meio século, ela é a fonte maior da minha inspiração, quando não, da minha respiração...
Lua
Lua! estás a ocultar a tua face?
Falta-te lume? Nova dizes ser?
Ingénua! Não reges a tua fase.
Queres brilhar? Tens que o Sol convencer
Se afagas o rei, ganhas tua luz.
Se a luzir estás, crescente hás de ser
Vaidosa lua, o brilho te seduz,
No raiar da aurora, vais perecer!
Cintilam as tuas vestes de prata,
Choram as estrelas; cheia hás de ser.
Não temes a luz do Sol, és incauta?
Sob um escuro céu hás de perecer.
Pois, tu quebraste o repouso dos astros,
Tu serás Minguante por merecer!