A TRAVE E O PRECIPÍCIO
Sobre uma trave estreita atravesso
Poça de lama havida ali no chão.
A trave está suspensa em baixo vão
E sem medo utilizo o acesso.
Mas se a trave estivesse, eu confesso,
Sobre abismo de grande elevação,
Eu temeria a queda. E então,
O que me faz tremer neste processo?
É o medo que dirige os meus passos
E estão presos à mente os embaraços
Que dão sentido ao tal imobilismo.
Seja a vida uma poça ou um precipício,
Sei que para cruzá-la, sem suplício,
Devo jogar o medo no abismo.