O Dia da Ceia
Nos belos dias – pela nossa primavera –
não é o tempo que se passa de repente.
Longe de tudo quanto a vida me dissera,
sou eu que, só, sobrevivi assim ausente.
Todas as flores perfumadas e seus pomos
morreram logo no princípio da colheita,
pois a videira maltratada que deixamos
deixa também toda minh’alma mais estreita.
Agora vejo – neste inverno desfolhado –
que fere tanto quanto farpas de um arame,
a lancinante transparência desse cardo.
Porém, eu creio que por Deus inda consigo,
já sem a dor da solidão que me consome,