INDIGENTE
Sempre escutou meu lamento,
silente e meio sem graça,
em seu divã de cimento,
a estátua inerte da praça.
Sem lhe garantir provento
atende e nunca rechaça
o seu paciente sedento
de peito nu, sem couraça.
A inerte amiga me escuta
e nada pede em permuta,
apenas ouve o que falo...
Até que me afaga, o vento
e no divã de cimento,
eu adormeço... E me calo!