TRISTEZA

Pousara ali um pássaro tão triste

Vestindo as roupas próprias da tristeza

Que a tarde evitou toda a beleza

Do por do sol que àquela hora assiste.

Soluçava entre o canto com certeza,

Mas apesar da dor o som persiste

A enaltecer um amor que já não existe

E em trevas deixou a natureza.

Nas galhadas tremosas sobre as águas,

Além de seu reflexo envolvo em mágoas,

Estranha imagem via bem discreta.

Limpando os olhos, ainda assustado,

Sobre o seu rosto via retratado

A figura abatida do poeta.