PAREDES DE SAL
Afrontaram-me os lobos em sua tênue loucura;
Despiram-me em carne vida pelo desejo lancinaste;
Da irá dos anjos em mar revolto num tardio navegar...
Senti-me aviltado pelas palavras proferidas em sal de dor...
Ah! Como cruel foi-me ter que despir-me da nudez parada;
Denunciando os movimentos angulares dos loucos perpendiculares;
Desta vida amarga, de dor e sofrimento, que muitos fizeram-me desistir;
E quando eu caia como nuvens de sombras em sereno, renascia!
Ó, quão feliz sou pelo destino que trasso ao trazerem-me mágoas;
Que perdoo e agradeço em pele crua dum chorar em tardes serenas;
E em lua de fogo, respinga em mim lambeijos de luz em sol!
Bravio é-me o mar onde afogou os tenazes do caos nas areias;
Dentro de um profundo e sagaz ninho de algas bailante verbo;
Numa despedida para que eu chegasse n'areia do nascedouro, o viver...