PAREDES DE SAL

Afrontaram-me os lobos em sua tênue loucura;

Despiram-me em carne vida pelo desejo lancinaste;

Da irá dos anjos em mar revolto num tardio navegar...

Senti-me aviltado pelas palavras proferidas em sal de dor...

Ah! Como cruel foi-me ter que despir-me da nudez parada;

Denunciando os movimentos angulares dos loucos perpendiculares;

Desta vida amarga, de dor e sofrimento, que muitos fizeram-me desistir;

E quando eu caia como nuvens de sombras em sereno, renascia!

Ó, quão feliz sou pelo destino que trasso ao trazerem-me mágoas;

Que perdoo e agradeço em pele crua dum chorar em tardes serenas;

E em lua de fogo, respinga em mim lambeijos de luz em sol!

Bravio é-me o mar onde afogou os tenazes do caos nas areias;

Dentro de um profundo e sagaz ninho de algas bailante verbo;

Numa despedida para que eu chegasse n'areia do nascedouro, o viver...

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 01/12/2019
Reeditado em 01/12/2019
Código do texto: T6808283
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