VIDA

Decerto, ancoro a vida onde suponho

Esteja a ansiedade de viver,

Se às vezes lhe confundo com um sonho,

Tudo do sonho extraio com prazer.

Os deuses não me fazem escolher

Entre o rosto alegre e o tristonho,

Não rezo terço nem credo componho

Para agradar e ter algo ou não ter.

Não há fio a guiar minha vontade

Nem feitiço a tolher a liberdade

Da vida que carrego aonde for.

E deste sonho não quero acordar

Para a realidade me assombrar

Como quem sonha e esquece o que sonhou.