CASA DE PAPEL
Para que sorrir da dor se ela permanece alado;
Nos lados das fotos de cada retrato dependurado;
Em paredes de hortelã, vestidas de organdi;
Mofadas pelo tempo da partida que foi-se alado...
Seria eu um tolo, louco! moribundo! Sei lá...
Um desfundo morto na vida sã, claudica?
Pelos corredores do passar em teias de fios bordados;
Entre lágrimas suadas em tom de de ironia pelo papel manchado...
Deixe-me falar da beleza em quatros pintados;
Armaduras fechadas em chave escuras para o sol entrar;
E dentro poder brilhar em festa de cores frias.
Sou eu a mesma pessoa que fui em mudanças;
Para sentir o luzir em espelhos refletidos nas portas;
Em janelas, telhados, vidros, um não importa.
Sérgio Gaiafi
12 de dezembro de 1988