ESCRAVO DA TRISTEZA
Que tolo fui eu em pensar que os treze passos do amor seriam etapas;
Parte da minha essência num contexto idiossincrático da vida desbotada;
Na qual estou a viver languido, depauperado num quarto escuro, só!
Céus, meus gritos são surdos em ecos desnudos por entre linhas de lã!
Quero sair desse quarto negro com minha angustia acorrentada no caos;
Pelo infortuno desespero da mórbida dor que destrói muros de areia;
Desfaleço em chãos que tornaram-se tapetes de rosas em ilusões;
Por não desabrochar para o sol do meio-dia, um realidade nua, morta!
Sinto-me amargo pela voz da consciência gritando alado;
Fustigado melancolicamente em música, do sonoro universo partido;
Pelas frestas das janelas abertas de carnavais em lágrimas, outrora!
Pareço-me sempre o tolo de tanto amar e não ser existência do amor;
Vagueio assim por cortinas, mundos que de mim se fecham...
E permaneço preso ao que criei, nunca em mim, o por vir...
Sérgio Gaiafi
22 de maio de 1988