MUDANÇA

Não se engane, abaixo do vestido

Há um corpo esbelto e perfumado

Atraindo às coisas do pecado

Com o gingado brejeiro, atrevido.

Mas depois do período divertido

Em que até o avesso foi domado

Um sente-se pelo outro enganado,

Senão por mente insana perseguido.

A silhueta muda e o perfume

Já não é mais o mesmo do costume

Em que a razão pendia quase louca.

E tarde se descobre que embaixo

Do vestido o fundo do penacho

Enterra quem teimoso ali cavouca.