MIRAGEM

Tu eras a miragem no deserto

De um oásis nunca alcançado,

Mantendo-se de mim sempre afastado,

Por mais que eu quisesse chegar perto.

O peito era chaga a céu aberto,

Sob os raios de amor desesperado,

Penando sobre solo esturricado,

Na ânsia de por ti ser descoberto.

Eu era em mim a chama que ardia

Sobre o gelo mortal da apatia

De teu olhar notando-me a presença.

A travessia nunca foi transposta

E ainda hoje busco por resposta

Do deserto que é tua indiferença