EU E MIM MESMO
Eu não tenho barriga de tanquinho
E o corpo vive intensa confusão,
A beleza seguindo em contramão
Entre o fio de cabelo e o mindinho.
A gravidade em ato bem mesquinho
Levou ossos e nervos para o chão
E o que não tomou essa direção
Cambaleia e está muito pertinho.
Por fora mais pareço com a crosta
De uma ostra cansada que se encosta
Em pedra para ao sol ser ressequida.
Mas sob o aleijão que sou inteiro,
Igual a um molusco verdadeiro,
Talvez, haja uma pérola escondida.