ÚLTIMO VOO

Algumas flores murcham ao relento,

Enquanto uns colibris morrem de dor,

Por não terem se dado ao grande amor,

Mesmo beijando flor todo momento.

Se há flores que se irritam com o vento,

Culpando-o por não ter levado o odor

Das pétalas ao belo beija-flor

Por quem nutrem o mais puro sentimento,

Os beija-flores não podem culpar

Ninguém, se a vida inteira foi provar

De uma e outra as pétalas de mel.

No último voo, talvez, arrependidos,

Ao chão vendo os restos ressequidos

Das flores, regurgitem dor e fel.