CERAMISTA

Trabalhando o corpo feminino,

Depois de não gostar do molde feito,

O ceramista quis algo perfeito,

Alheio em tudo ao corpo masculino.

Ao rosto encarnou dote divino,

Ao busto deu dos arcos todo o enfeito

E os quadris desenhou com apuro e jeito

De quem pintasse um quadro celestino.

Mas ao findar a obra ele notou

Sobre o corpo do homem o que achou

Assemelhar-se a uma rija seta.

Não quis igual no corpo da mulher

E enquanto ele tentava resolver

Veio às coxas pousar u'a borboleta.