FAZER POÉTICO
O primeiro verso é um pouco como o ar
Palavras soltas, palavras para cá e para lá
Mas mãos cuidadosas vão caçando no brincar
E o céu poético se ordena e tudo lá está.
O quinto verso, já encorpado, é como a terra
Palavras fortes e consistentes que criam raiz
E mãos habilidosas escolhem no tempo de espera
E o chão poético é desejoso e tudo diz.
O nono verso movimenta-se ágil como a água
Veloz como as corredeiras e quieto como lago
Percorre a vida a noite inteira e depois deságua
E quando tudo parece a morte – derradeira cena
As cinzas das brasas voltam ao natural estado
O último verso dissolve-se e é o fim do poema.