QUADRO DE AMOR

O amor não é o mar belo e infinito

Nem o entardecer que não tem fim,

Tampouco, a nuvem rala de carmim

Ou o vento sobre as ondas em agito.

Talvez do quadro seja no festim

Da tarde a ave indo sob o rito

Das asas e deixando sem escrito

O voo no céu banhado de cetim.

O mar e o céu imensos como são

Se apequenam, tomado o coração

Como medida rara para o amor.

E a ave tão pequena se engrandece,

Até que tudo mais desaparece

Aos olhos de quem um dia já amou.