O FLERTE
A morte me encontrou e perguntou silente:
- Queres descer comigo ao meu portal fulgente?
Então lhe respondi, astuto igual meu Pai:
- Contigo, nada meu — nem meu cadáver — vai!
Ela, muito ofendida, olhou-me bruscamente,
Queria me engolir com seu olhar tremente,
Despiu-se e, toda nua, ofereceu-se a mim...
Virei, solenemente, e disse: - nem assim!
Envergonhadamente, a morte se vestiu
E no soprar do vento ela, por fim, partiu,
Levando a rejeição dum flerte que falhou.
Então, segui com a vida em seu devir motriz,
Portando o meu dever de me tornar feliz,
E nunca mais comigo a morte se encontrou!