Rio Cubango

Meu caminho é tão reto quando um rio,

Que vai tergiversando entre as montanhas,

Driblando cada dor pelas entranhas,

Tantas vezes contrário ao alvedrio.

Trêmulo o coração, na mente um fio

D'esperança a correr rotas estranhas,

Indo em destino tordo e vãs façanhas,

Por ravinas de pios e arrepio.

Não sabe seu destido o rio, não sabe!

Vai no deserto igual um camelo árabe...

Igulamente não sei por onde eu vou.

Como um rio que segue para o mar,

Sigo eu a tua procura para amar,

Quiçá morra eu igual o Okavango.

Aracaju, 09/09/ 2019

Nota:

O Rio Cubango é endorreico. Salvo engano, nasce no Morro Moco em Angola, onde tem seu maior curso. Impressiona o fato de não correr em direção ao Oceano Atlântico Sul e sim para o interior da África. Serve de fronteira natural entre Angola e Namíbia por um certo período e depois atravessa esse último país na Faixa de Caprive, que tem 30 km de largura e adentra em Botsuana onde se passa a chamar Rio Okavango. Percorrendo uma grande planicie acaba morrendo num delta sem atingir mar algum, nem baía, golfo e muito distante do Oceano Índico. Ao que se imagina, sem atingir o fim comum, muito embora dê vida ao deserto onde se acaba.

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Agradeço sensibilizado a participação do amigo Poeta Jota Garcia, que com garbo e rapidez me presenteou com essa pérola.

Pra quem é do Piauí, este desertozinho é moleza.

DESTINO FINAL

Na correnteza, somos barco de papel,

Em cujo convés nosso destino levamos.

Aonde nos levam as águas não sabemos,

Pagaremos as penas como todo réu.

Meros mortais cujo leme não dominamos,

Mesmo presos à terra miramos um céu,

Que tão ao longe se esconde por trás dum véu.

Ai de nós que nem sabemos pra onde vamos.

Será que é um deserto o nosso destino,

Com seu eterno mormaço de um Sol a pino,

Sua areia escaldante o destino final?

Será que serei um eterno beduíno,

Vagando naquele infinito areal,

A remir algo que na terra fiz de mal?

Um Piauí Armengador de Versos
Enviado por Um Piauí Armengador de Versos em 20/09/2019
Reeditado em 24/09/2019
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