Beco do Socorro
 

Vozes gritam no beco por socorro
e perdem-se no tempo, já sem dó.
Propala-se um silêncio lá no morro,
e um povo, inerte cala, mudo e só.
 
Todos dirão depois que nada viu,
apenas que morreu mais um da lista.
Se alguém desafiar a lei mais vil,
será sacrificado – mesmo à vista.
 
Eu sei que meu soneto é frio e seco,
não mata a minha fome de justiça
nem lava tanto sangue derramado.
 
No entanto, existe sonho lá no beco.
Se a vida não é vária e nem postiça,
o mundo há de mudar o seu estado.

 

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