ADEGA
Para abrandar a sede que me insana,
Dos líquidos provei desde a pior
Mistura ao vinho tido por melhor
Da adega sagrada e da profana.
Dos infernos alcei-me ao Nirvana,
Travando a garganta no amargor
De não ter encontrado o sabor
Tão raro que por ser a morte dana.
Mas, depois de beber em goles sôfregos,
No cálice de lábios rubros, trôpegos,
O aperitivo doce da saliva,
Não saio mais atrás, porque me anulo
Embriagado, toda vez que engulo
Os sumos de seu corpo, adega viva.