VIRTUAL

Já não se escreve carta de amor

Nem seresteiro canta à janela

E os suspiros e ais trocam-se à tela

Cristalizada de um computador.

Parece que o sonho acabou

E o sentimento casto de novela,

Batendo ao peito por meiga donzela,

Em game sensual se transformou.

"Tá a fim? Liga a cam." E num segundo,

Estejam muito perto ou pelo mundo,

Perante um se faz o outro ausente.

E num amor de carta sem papel

E sem declamações de um menestrel

Duas máquinas fingem que é gente.