O PELICANO

Não sendo assim, às vezes, quebro a forma

Do velho pelicano a me apresar

E tento as gaivotas imitar,

Alçando voo da curta plataforma.

O esqueleto já fora de forma

Que quer, antes do voo, desengonçar,

Pegando o jeito, passa a planar,

Agradecido aos céus pela reforma.

Eu sonho a jornada em voo rasteiro,

A deslizar feliz céu forasteiro,

Dissolvendo-se em nuvens e marolas.

Mas, cato os cacos, por não ser assim,

E o pelicano velho volta a mim,

Bica o peito e sangra em suas argolas.