ELOGIO À LENTIDÃO

Cedi o meu lugar em uma fila,

Gesto por muitos visto de grandeza.

E ao final da fila, com certeza,

Levei minha alma calma e tranquila.

O gesto de elegância traz à baila

O resgate do halo de nobreza,

Mas o que fiz com tal delicadeza

Não levou o altruísmo à pupila.

O mundo hoje corre apressado

No mesmo passo lento do passado,

Mas que afasta da vida a noção.

Cedendo o meu lugar, sendo egoísta,

Não satisfiz quem nunca tive à vista,

Só fiz um elogio à lentidão.