SONETO DO TALVEZ

Eu sinto uma sombra a perseguir-me,

Embora com os olhos não a veja.

Sem luz ela aparece e andeja

Ao meu redor, sem nada que a confirme.

Por mais que a palavra seja firme

Sobre as coisas que faça me caleja

A dúvida e onde quer que eu esteja

Ela chega e consegue consumir-me.

É tanta a indecisão... Será a morte

Com sua foice aguda a ver a sorte

De mim, por ter chegado minha vez?

Eu não tenho certeza, mas a sombra

Que dia e noite tanto me assombra

É na frase da vida o talvez.