OPRÓBRIO
Antes de dar-te aos corvos, morta e fraca,
hei de embeber-te na mais vil peçonha,
para que aquele que de ti disponha
morra do mesmo mal que ora te ataca.
Se há no teu chão, bastardo que te exponha,
e há sempre alguém que lucra e se destaca
em ver manchada a tua honra, opaca
ante os chorosos olhos de quem sonha,
morra contigo quem te extrai a vida,
para que a história seja um dia lida
e veja-se o respeito no teu porte.
E ao renascer, que teus novos rebentos
cresçam de mãos e corações isentos
do mal que outrora conduziu-te à morte.