FLOR DE CHARNECA

A flor que na charneca se escondia

À sombra da paixão rude e trágica,

Se entregava excelsa e enfática

A quem a seus encantos se rendia.

O amor de carne dava tão poética

Que destrutivo o gozo não sentia

E à pequena morte da agonia

Não dava a intenção de ser profética.

Poetas, quantos foram nos caminhos,

Apenas pra sentir dos rosmaninhos

O cheiro, recolhido num só trago.

A flor ardente em êxtases no amor

De tantos, para sempre se fechou,

Sem receber de um sincero afago.

Erigutemberg Meneses

Homenagem à poetisa portuguesa Florbela Espanca. "Charneca em Flor é o volume de poemas de Florbela Espanca publicado após a sua morte em 1931, pela Livraria Gonçalves de Coimbra."