PONTE

Das coisas encontradas no caminho

Há muitas sem valor, e eu reconheço

Nalgumas, pedras, mas eu não padeço

Por pouco ou muito ter de algo mesquinho.

Claro que não é bom se andar sozinho,

Sofrendo privações e o desapreço,

Mas não me importo, pois do endereço

Da sorte, ainda, pouco me avizinho.

Pois há um fosso aberto sobre o chão

A impedir-me que tenha à mão,

O que distante vejo no horizonte.

Mas sei como chegar e isso basta.

E sei também que a sorte não se afasta

De quem com pedras ergue uma ponte.