Devir

Devir

Vestida de mar sorvia a moça,

Ósculos que o Sol lhe oferecia,

E, ao longo de si, ao largo via,

Rompendo os rastros da névoa insossa.

Vasto ocaso que se contraía,

Em um par de braços transformado,

Levá-la a um celeste leito ornado,

D’astros, cujo brilho recendia.

Ei-la, ali, suspensa ao firmamento,

Feita luz que, em pleno movimento,

Paira sobre o leito que a esperava.

Ei-la alta, etérea, moça ainda,

Fêmea, fluida, forte, eterna, linda,

Longe do devir de que era a escrava.

Hebane Lucácius