SORTE

A água chegando perto do pescoço

E o dito cujo sem nenhuma pressa

Gastava as horas rindo-se à beça,

Não se vendo no fundo de um poço.

Nem que fosse estratégia aquele troço

De esperar do acaso uma remessa

De sorte era difícil sair dessa

Situação de tanto alvoroço.

Mas o cara que era abestalhado

A sentir-se na terra abençoado,

Nem gritou por socorro ou me acuda.

E quando a água fechou sua goela

Não se sabe se viu que a sorte vela

Somente quem a si próprio se ajuda.