Pássaros-pretos

Pássaros-pretos

Meus amores de circunstâncias,no ar por um momento,

Bateu nas pedras,pelo tempo e pelos lagares tão teus;

Que instinto de perda cresceu em mim,que já tinha,

Deixado pomar de romãs e cerejeiras,secarem de todo;

No que de xícaras e pratos por lavar,e falta de pão de centeio,

Nenhuma fornada saíra mesmo nas manhãs de Outono;

Sutilmente de nosso cio e recâmara falharam os carinhos,

E hipotecados e empurrados fora da escrivaninha se perderam;

E saí com mala única e um colar de pérola e deixei fotos todas

No aparador,e com coração meio aflito,tranquei porta,

E saí sem olhar pra trás,a me dividir no escuro,nem vintém;

Eram patéticas nossas camisas nos varais,mais ainda,lençóis;

O tempo que roa seus mortos e a recâmara sem cheiro algum;

Antes era cheiro de mirra,alfazemas,hoje,nesse adeus,absinto!!

MaisaSilva
Enviado por MaisaSilva em 26/04/2019
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