ANJO DA GUARDA

Se ando sozinho, sinto a presença

De espectro que se à luz busco e não vejo

Escuto a voz suave que festejo

Desde que ouvi bem antes da nascença.

E a emoção sentida vem da crença

De que se ouço a voz em doce harpejo

Tenho ao lado quem nutre o desejo

De que, se o azar vier, a mim não vença.

E o toque resvalado de uma pena,

Cheirando à flor branca de açucena,

Faz-me parte de um celeste arranjo,

Pois quem me segue atento aos fluidos passos,

Guiando e protegendo, tem nos traços

O corpo de mulher e alma de anjo.