CIGANA

Esperança era o nome da cigana

Que à Tenda do Amor leu minha mão,

Mostrando sobre a palma um coração

Gravado com o nome de beltrana.

Não disse ser de grega ou de romana,

Mas “é de alguém” e logo a atenção

Voltou-se para a última paixão

Que ao peito governava soberana.

Fiei-me à predição indiferente

Ao dito que cigana trai e mente

E só os tolos dão-lhe confiança.

Acabou-se a quermesse da idade,

Mas ainda procuro na cidade

O amor misterioso da Esperança.