SAUDADE
Um aperto no peito, uma infinda dolência...
A lembrança chegando, sem hora marcada.
Uma noite sem lua, em perdida existência...
E um olhar perscrutando a poeira da estrada.
Solitude açoitando, sem dó, nem clemência...
No oratório, uma vela da espera cansada.
Uma cama vazia, coberta de ausência...
Uma porta entreaberta ao talvez da chegada,
que não chega, não vem... Deus do céu, enlouqueço,
Não me encontro em meu fim... Sequer tenho começo...
Quem sou? Sombras da vida que o Tempo levou?
Sou quem traz dentro d’alma o amargor da saudade
e andarilha por sendas da erraticidade,
à procura de um sonho, que não me sonhou?