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Quem me saber, quiser...
Contemple os traços
das vidas, cujo lar é uma calçada.
Caminhos, onde os sonhos são escassos,
aos quais o fado oferta o nada... Nada!
Encontre-me no olhar do pequenino,
privado de carinho, de alimento;
na infância – filha de único destino:
um chão sem sepultura, alma em tormento.
É minha a voz pungente em elegia
às ilusões ceifadas pela guerra
(por quê pretendem vã toda agonia
da cruz, a suplicar por paz na Terra?).
Meu rosto é feito da pura energia,
criando as esperanças da manhã;
é cheiro de pão quente e mão macia
que planta e colhe o cheiro do hortelã.
Em mim, repousa a crença na igualdade
dos povos, pouco importam crença ou raça;
e a gratidão à eterna divindade
que a bichos, gente, plantas, tudo abraça.
Eu sou o verso aceso, alma serena,
sou noite perfumada de jasmim;
mãe de toda Maria – ou Madalena...
Quer saber como eu sou?... Eu sou assim!