UM CONTO DE SEREIA
Não vejo os atributos da mulher
Em sereia por mais bela que seja.
Se às faces traz o que o homem deseja,
Do mais não tem lá muito a oferecer.
Do meio abaixo, tão escamosa é
A cauda com que à onda sacoleja
Que nem se sabe se há ou onde esteja
O que o homem se mata para ter.
Já a mulher de corpo humano inteiro,
Em sua parte baixa, além do cheiro
Da concha traz a pérola engastada.
E em transe de sereia à noite chama
Com seu canto o homem para a cama
Onde a pequena morte é esperada.