CONDENADO

Já condenado, antes de nascer,

Vim a cumprir no mundo uma sentença

E a execução penal cumpro na crença

De que injustiçado vou morrer.

A cela ou o que possa parecer

Prisão tem por disfarce uma imensa

Abóbada. É presídio, mas se pensa

Que liberdade ali se possa ter.

Rígidas regras ditam que um juiz

Que nunca vi e em nada a mim condiz

Seja exaltado como benfeitor.

E eu inocente, após a purgação,

Se não quiser sofrer mais aflição,

Devo ser grato a quem me condenou.