GANGORRA

Ainda tenho um peito onde balança

Na gangorra da vida um coração

Que sobe e desce sempre na esperança

De tocar o arco-íris com a mão.

Se às vezes bate fraco lá embaixo,

Subindo é um tambor, indo ao fim

Dos céus para tentar tomar o facho

De luz de um desatento querubim.

E tão gostosa é a brincadeira

Que anseio viver a vida inteira

Entre o grande alvoroço e a pachorra.

Mas o melhor é estar acompanhado

Por outro coração apaixonado,

Indiferente aos baixos da gangorra.