OLHOS DE PASSARINHO
Olhos de passarinho sobre o fio
Da saudade de um ninho já desfeito,
Boca de flor jurando o amor perfeito
Que o malmequer deixou morrer de frio,
É assim que o rosto belo avalio.
Penso a mau sentimento andar sujeito.
Quisera vê-lo rindo já refeito
Do padecer de um apego doentio.
Estes olhos suaves e serenos
Parecem consumir-se por venenos
Que a boca de flor bebe a contragosto.
Se o passarinho visse os olhos meus
Veria numa hortênsia o azul dos céus
E ali pousava livre de desgosto.