DOMINGO
Há um sino que plange com voz sonolenta
e desperta meus olhos ao céu clareado.
"É domingo", ele diz, "põe bela vestimenta
e o sapato mais novo, mesmo que apertado!"
Me atavio com zelo, aos detalhes, atenta,
pra que Deus me contemple com todo o agrado.
Já na igreja, os dedinhos buscam água-benta...
Que me lave, se tenho, escondido pecado.
Já vai longe a inocência dos meus poucos anos...
Cinco... Seis... Tão distantes de dor, dos enganos...
A candura da vida, no Tempo se esvai.
Mas a fé permanece, o domingo é sagrado.
E este sino que tenho no peito, guardado,
diz que a Missa inda é o encontro entre um anjo e seu Pai.