O ENTARDECER...
... que se achega em passada seresteira,
num sorriso com boca de romã,
sussurrando promessas de algibeira,
como quem compra bênçãos no amanhã.
Traz no olhar uma lua feiticeira,
que não tem o pudor da fé cristã
e se entrega ao poeta, plena, inteira,
pra que o amor seja o verso da manhã.
Porque o amor sempre é o tema do poema
e ninguém lhe conhece a dor suprema
de entregar-se ao sonhar de um sonho vão.
De ser rosa esquecida num canteiro,
exilada do olhar do jardineiro,
que a plantou no jardim da solidão.