NAVE
Meu coração é nave sem destino
Aonde a nenhum porto vai chegar,
Por ter de comandante um menino
Que segue estrelas sempre a se enganar.
A calmaria foi-se após um hino
Que não soube ao certo vir do mar,
Da voz de uma sereia, cujo tino
Não era mais que urdir triste penar.
O céu escurecido hoje empalha
O coração menino e é mortalha
Do homem tendo os mares à corcunda.
Do leme, a sós, relembra o cais seguro
De onde acenou com lenço impuro
Quem lhe deu o mar de mágoas onde afunda.