TELAS NA EXPOSIÇÃO DO DESEJO

Numa pequena concha incrustada

Entre seixos polidos o desejo

Deitou gotas de si em grande beijo

E em pérola a esperança foi gerada.

Entre as asas negras na nevada

O graveto se adentra num enredo

A insinuar a ave posta em medo

De ver-se sob a neve sufocada.

As duas telas presas à memória

São instantâneos cálidos da história

De um caso de amor em atropelo.

Eu, o pintor das raras aquarelas,

Penso em restaurar as duas telas,

Vendo de novo os traços da modelo.