SECA

O vestido bordado colorido

De flores se abrindo ou em botão

Resta em finadas folhas sobre o chão

Do tapete de barro ressequido.

O verão em seu modo divertido

Veio alegrar a vida no sertão,

Mas logo as plantas sob a sequidão

Ceifaram-se sem dar nenhum gemido.

Somente o caule de alma sertaneja

Do homem que sombreia em peleja

Pela vida sofrida de seu povo

Manteve-se na seca a acalentar

O sonho de o inverno enfeitar

As galhadas com um vestido novo.