ABRAÇO
Ser a primeira gota da torrente
A cair frágil sobre a dura terra
É não ter um valor, porque encerra
O ato de sumir-se de repente.
E na agitação do céu cadente
A desvalia, a última descerra,
Embora seja o meio onde erra
A nuvem já virada água corrente.
Se uma e outra só não vale nada
E rápidas se perdem na aguada
Por que uma e outra vai contente?
- É que embora de poder escasso,
A força doutra gota num abraço,
Da lama, mesmo, vira onda potente.